Santa Branca

Um dos grandes ensinamentos que recebi de meu pai, o fundador e principal artífice da Santa Branca, foi o de acreditar na força e no potencial que tem o diálogo entre as pessoas. E, não por acaso, a história da Santa Banca é o resultado justamente de uma forte dinâmica interativa entre muitos que dela participaram, entre cada um deles e com ele, Jeremias. Tudo isto só foi possível porque meu pai tem muita habilidade e muita disposição para este diálogo — para o cultivo da “unidade na diversidade,” da qual ele tantas vezes fala. Foi através desta convidativa porta que a autora deste livro se encontrou com eles, Santa Branca e Jeremias. Neste sentido, entendo que ela pode ser vista também como uma representante das muitas pessoas que chegaram, sentiram amor por este caminho, e se envolveram com ele. Meu pai. Como sempre, uma referência fundamental para seus filhos. No meu caso, uma referência afortunada, de uma pessoa verdadeiramente dedicada a ideais e com a disposição e a sabedoria para lidar com os afazeres. Com o «assim na terra como no céu” no coração — o feijão e o sonho. Alguém que teve a coragem de ousar viver com muita liberdade e assumindo plena responsabilidade por ela, o que fez com que preenchesse sua vida com muito significado e muito aprendizado. De perto, vemos erros e defeitos que outros não veem, mas vemos ainda mais a dimensão da labuta cotidiana e da visão que ele teve para realizar tanta coisa. Ele teve também a generosidade de doar em vida a maior parte dos seus bens para os filhos, e este é um dos fatores que contribuíram para que a empresa Santa Branca, que ficou com dois deles, tenha tido mudanças para seguir viva. Algumas questões estavam longe de ser triviais, e cada ser tem seu modo de conseguir lidar com as situações e aprender o que precisa (e inclusive cada um dos seus filhos é muito diferente um do outro). Hoje, aos 83 anos, meu pai permanece uma pessoa com um incansável espírito empreendedor, e, assim como sua capacidade de sonhar, seus ideais não envelheceram. Um ambiente aberto a estes sonhos e ideais de outros, com muito trabalho e com convívio com outras pessoas com propósitos alinhados, com as dimensões do ambiental, do humano, do social, do processo interior (espiritual), do cultural, e do pragmatismo — Sheila chegou à Santa Branca com um grupo de pessoas de muito conteúdo e intensa busca pessoal, e eles viram isto. No fluxo de infinitos caminhos, obstáculos e possibilidades da vida, ela foi o membro do grupo que fortaleceu este vínculo. Imbuída, assim como Jeremias, das sabedorias da terra, do céu, e da conexão entre ambos, ela seguiu, também como ele, um caminho de realização (não apenas na Santa Branca), e agora abre uma janela da sua alma para nos contar esta história. André Matarazzo Lunardelli