Neste livro, João de Fernandes Teixeira se pergunta sobre o sentido de fazer filosofia no Brasil. Como filósofo, pioneiro nos estudos em Filosofia da Mente em nosso país, Teixeira participa da ágora internacional não apenas investigando os problemas da área, mas também propondo novas questões a serem investigadas. Por outro lado, depara-se com a tendência ao comentarismo, predominante na filosofia no Brasil. O comentarismo nos faz crer que somos incapazes de fazer filosofia, restringindo-nos à função de comentadores dos trabalhos desenvolvidos pelo colonizador e impedindo-nos de realizar nosso potencial de reflexão filosófica. Para Teixeira, as origens desta tradição encontram-se no pensamento autoritário instalado no processo de colonização e na sua herança. Colonialidade e pensamento autoritário que se revelam cada vez mais presentes e intensos na polarização extrema dos debates na política.
O fazer filosofia no Brasil é, para Teixeira, «um problema filosófico, político e cultural», uma vez que a ausência do livre pensar e a presença da colonialidade favorecem a permanência de uma cultura de corrupção e privilégios. Neste livro, ele se permite enfrentar o problema sem amarras, distante da tradição comentarista, com o livre pensar que é próprio do filosofar. Em seu enfrentamento, oferece-nos pistas que talvez nos permitam encontrar nosso lugar para uma filosofia no Brasil.
Afirma ele: «Realizar nosso potencial filosófico não significa produzir uma filosofia genuína e inteiramente brasileira. Significa conseguir participar de uma ágora internacional na qual precisamos definir o nosso lugar. Significa trazer contribuições originais para uma filosofia cuja temática é cada vez mais definida de forma cosmopolita. Não se trata apenas de aceitar temas para discussão, mas de propor novas temáticas». Estaria Teixeira dando os primeiros passos para a construção de uma corrente filosófica brasileira? Deixo a questão para os leitores. (Monica Aiub)